sábado, 3 de outubro de 2015

Análise de conjuntura da FIST


A TAREFA DA FIST É PARTICIPAR DA REORGANIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS PARA LUTAR PELO PODER POPULAR


Quais são as causas da crise econômica, política e social do país?

A vida do povo no Brasil nunca foi fácil. Mas do final do ano passado para cá, a situação se agravou por causa de uma crise pesada que está afetando o país.

As origens da crise atual se remetem a crise internacional de 2008 e o afrouxamento fiscal iniciado no final do último mandato do presidente Lula para emplacar um peso morto chamado Dilma. Houve sim uma crise de demanda mundial cuja consequências para o Brasil foram principalmente a apreciação do cambio e a entrada massiva de investimentos internacionais indiretos para se unir ao esquema dos banqueiros e outros financistas que aproveitam as altas taxas de juros necessárias para conter a inflação mas sem incorrer quase nenhum risco. O fim do ciclo das commodities se deu gradualmente com a desaceleração da China mas a pauta de exportações não se prejudicou da dinâmica de crise do dito primeiro mundo pois já era dominada por commodities quase exclusivamente.

A escolha pseudo-desenvolvimentista da presidenta eleita não conseguiu elevar o nível de investimentos no Brasil apesar da queda dos juros por não passar confiança ao empresariado e por causa dos problemas endêmicos do Brasil de falta de boa educação, saúde, infraestrutura e por ai vai. Assim, para tentar manter a economia aquecida optou-se pelo incentivo ao gasto e endividamento da população brasileira que por um lado fomentou o consumismo e por outro proveu altas taxas de lucro ao empresariado brasileiro. O resultado a princípio foi uma euforia consumista dado o populismo barato que não visava a atender as reais demandas da sociedade eclodindo inclusive nas jornadas de junho de 2013.

Foi mais uma oportunidade perdida do Brasil para optar por gastar sim com as prioridades sociais e de desenvolvimento. Faz-se necessário salientar que a não intervenção simplesmente largaria o país em crise desde 2008 já a intervenção desastrada simplesmente empurrou e amplificou a crise para 2015.

Demonstrando cabalmente a necessidade de se distinguir a boa intervenção da má intervenção e a não-intervenção. Dentre as três opções só uma está correta e é imprescindível que essa que seja a escolhida fazendo-se uso de conhecimento técnico-cientifico, acadêmico e político para tal. Não é fácil mas dentro a qualidade da intervenção há várias gradações e a intervenção do primeiro governo de Dilma foi simplesmente terrivel.

Além da crise econômica, também existe a crise política. Dilma conseguiu se reeleger prometendo que não ia mexer nos direitos trabalhistas e nem cortar os programas sociais. Logo depois da eleição, ela fez o contrário do que tinha prometido, e mexeu no seguro-desemprego e nas pensões, congelou os salários dos funcionários públicos, cortou recursos do Minha Casa Minha Vida, entre outras coisas. O governo podia fazer com que os ricos pagassem pela crise, por exemplo criando impostos sobre as grandes fortunas. Mas o PT, mais uma vez, escolheu atacar os pobres.

A oposição ligada à Globo e ao PSDB aproveitou a queda da popularidade do governo para tentar voltar ao governo na marra. Organizaram atos exigindo o impeachment, onde alguns grupos chegaram até mesmo a defender a volta da ditadura militar. Usaram a Operação Lava Jato como pretexto para fingir que os únicos corruptos são do PT e para defender a privatização da Petrobrás. Mas eles não criticam o ajuste do governo, porque defendem medidas iguais ou até piores, como foi feito no governo FHC, que eles apoiaram.

Essa crise piora os problemas sociais que sempre existiram no Brasil, como o desemprego, a falta de moradia, a violência policial contra os negros, o extermínio dos povos indígenas e a destruição do meio ambiente. A violência e o preconceito que as pessoas normalmente tentam esconder ficam muito mais expostas em momentos de crise como o que estamos vivendo.


O posicionamento da FIST:

Na situação política atual, não apoiamos o bloco do PT, que fala que está sendo ameaçado de golpe, mas continua tomando várias medidas antipopulares e se aliando com pragas como Pezão, Eduardo Paes e outras figuras deploráveis. Também não apoiamos a oposição golpista, que quer derrubar o governo para tomar medidas piores ainda, como a privatização da Petrobrás e o fim dos poucos programas sociais do governo.

A palavra de ordem de ”Basta de Dilma”, levantada por alguns inclusive de esquerda, parece radical mas, na prática, significa entregar o governo para a oposição golpista, já que não existe nenhuma alternativa popular que possa assumir no lugar do PT. Nós não somos só contra o governo antipopular do PT, mas também contra a oposição golpista, o congresso corrupto e o judiciário racista e elitista.

Para a FIST, uma nova sociedade não vai surgir através das eleições, e sim através do Poder Popular, controlado de baixo para cima pelos movimentos sociais. Essa não é a "terceira via", e sim a PRIMEIRA VIA para o povo!


Precisamos começar um novo ciclo nos movimentos populares!

A grande maioria dos movimentos sociais cresceu nos últimos trinta anos vinculados ao PT, e acreditando que a chegada do PT ao governo através da eleições ia resolver os grandes problemas do país. Isso foi uma grande ilusão, e por causa dela o MST, a CUT e outros movimentos como o MTST em menor grau estão passando por uma crise grave.

Então, precisamos renovar os movimentos onde isso for possível, e criar novos movimentos onde for necessário. É preciso começar um novo ciclo de organização social e política do povo! Nesse novo ciclo, precisamos nos organizar em torno de propostas claras, e não de partidos ou líderes.

Os movimentos precisam ter uma visão geral da sociedade, incluindo a educação, a saúde e a cultura. E precisam ter meios de comunicação próprios (jornais, rádios, presença na internet) para luta contra a mídia da classe dominante e as ideias que ela divulga, contrárias à luta popular, racistas e machistas. Sem isso, qualquer revolta popular vai ser controlada e desviada dos seus objetivos.

Na luta por uma alternativa ao bloco do PT e à oposição golpista, a FIST está participando da Plenária dos Trabalhadores. Infelizmente, a Plenária é controlada por alguns partidos que têm uma visão restrita à luta sindical, e menosprezam os movimentos populares. Então, estamos lá enquanto achamos que é possível nos contrapor a essa visão deles, mas sem grandes expectativas.
Junto com o trabalho de base permanente, as principais bandeiras da FIST na situação atual são essas:

- Contra o ajuste antipopular do governo! Fora os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Kátia Abreu (Agricultura) e Gilberto Kassab (Cidades)!
- Liberdade para Tom e contra a criminalização da FIST! Liberdade para Rafael Braga!
- Contra os leilões do Petróleo! Por uma Petrobrás 100% estatal e controlada pelos trabalhadores!
- Ocupar! Resistir! Lutar para não sair!
- Construir o Poder Popular!

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